antes da bariátrica

“toda cirurgia tem risco”

11:01


Entre os especialistas, o tema é tratado com precaução. Falar sobre os riscos da cirurgia bariátrica, conhecida popularmente como de “redução do estômago” ou “da obesidade”, causa certo desconforto. A justificativa mais comum, quase universal, é a de que “toda cirurgia tem risco”.
“Até extrair unha encravada ou dente”, afirmou o cirurgião geral, especialista em cirurgia do aparelho digestivo, James Câmara de Andrade, se referindo às possíveis complicações decorrentes do procedimento.
Mas há um protocolo a ser seguido, explicou o médico. O paciente que deseja se submeter à cirurgia precisa ser assistido por uma equipe multidisciplinar, composta por um clínico, cirurgião, psiquiatra, endocrinologista e nutricionista.
Além disso, a cirurgia - considerada uma intervenção de grande porte - é indicada para um pequeno grupo, cujo IMC (Índice de Massa Corpórea) esteja acima dos 35. Pela normatização da SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica), apenas pacientes com idade entre 18 e 65 anos podem fazer a cirurgia.
Abaixo ou acima dessa faixa etária ou com IMC superior a 40, só com formalização do médico responsável, neste caso, um endocrinologista.
Riscos – Para o cirurgião, os riscos estão mais relacionados à conduta do que à cirurgia propriamente dita. Na maioria das vezes, declarou, as complicações ocorrem porque o paciente “não aderiu ao tratamento que se propôs”.
James Câmara explicou ainda que dos pacientes submetidos à cirurgia, menos de 10% continuam o acompanhamento regular junto ao médico. O erro está justamente aí. Alguns acreditam que quando se atinge o resultado esperado não será mais necessário continuar a visita aos consultórios e, com isso, acabam “relaxando”.
O tratamento, explicou, é para vida toda. “Se fizer tem resultado, se não fizer, não tem”, disse. “Cirurgia não combina com doce ou álcool”, completou, exemplificando.
Intercorrências cirúrgicas - O sucesso da operação depende também do esforço do paciente. Por isso, antes de entrar no centro cirúrgico, é necessário a assinatura de um termo de consentimento e conscientização.
Na clínica onde o médico trabalha, o documento em quatro páginas exige a assinatura do paciente, responsável e uma testemunha. No item que elenca os “riscos do tratamento proposto”, uma referência à literatura médica que traz uma série de complicações da cirurgia bariátrica.
Cirurgião afirma que menos de 10% dos pacientes continuam o acompanhamento regular após a cirurgia. (Foto: Elverson Cardozo)Cirurgião afirma que menos de 10% dos pacientes continuam o acompanhamento regular após a cirurgia. (Foto: Elverson Cardozo)
Entre as intercorrências cirúrgicas que podem ocorrer estão lesão no braço, lesões vasculares, lesões intestinais, hemorragias e complicações anestésicas. Nas intercorrências pós-operatórias, podem ocorrer infecções (de parede, intra-abdominal, pulmonar, etc.), pancreatite, gastrite, úlcera, hepatite, trombose venosa profunda, embolia pulmonar, fístulas digestivas, hérnias, alterações digestivas (vômitos, refluxo), obstrução gástrica, entre outros.
Mas o documento também avisa: “Os itens correspondem a complicações pertinentes a cirurgias de grande porte e não apenas com a cirurgia de obesidade”. “O índice mortalidade é em torno de 1,5%, o que pode variar de acordo com cada caso”, informa trecho do termo.
Por conta dos riscos são tomadas uma série de precauções antes da cirurgia. James Câmara afirma que o paciente deve ser submetido a uma bateria de exames.
Pós-operatório - No pós-operatório, a maior dificuldade, segundo o médico, é com relação à dieta. “Após a cirurgia é possível ocorrer carências nutricionais, vitamínicas, minerais e protéicas. [...] É importante lembrar que a pequena ingestão de alimentos pode levar a estados de mal estar, desânimo, paralisias, confusão mental, anemias, queda de cabelo, cegueira noturna, entre outros”, informa trechos do termo.
Há também a informação de que “após a cirurgia pode haver dificuldade na passagem de líquidos e/ou alimentos mais consistentes, do reservatório gástrico para o restante do tubo digestivo, sendo por vezes necessário realizar dilatação endoscópica (que apresenta seus próprios riscos). Em alguns casos pode ser necessária a intervenção cirúrgica para solução definitiva”.
De acordo com o cirurgião, o paciente que se submete à cirurgia bariátrica deve fazer uso de complementos vitamínicos.
Sem garantias – Na clínica onde o documento está disponível, o paciente que assinar o termo de consentimento para realização da cirurgia bariátrica (por videolaparoscopia) também entende que o tratamento assistido é por toda a vida.
O terceiro item do termo, intitulado “sem garantias”, informa ao paciente que “não há 100% de garantia” dos benefícios e que parte do sucesso dos resultados depende de esforço próprio. “A melhora ou até mesmo a cura do diabetes, hipertensão, fadiga, problemas respiratórios, entre outros, pode não ocorrer”.
fonte:http://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/mortes-durante-cirurgia-para-reduzir-estomago-acendem-alerta-para-riscos

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